Por Desirèe Assis*, g1 Bauru e Marília
A Polícia Civil informou, nesta terça-feira (16), que a perícia comprovou a autenticidade das fotos, vídeos e prints relacionados ao caso da fonoaudióloga Bianca Rodrigues, suspeita de torturar e ofender crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em uma clínica particular de Duartina.
Segundo Paulo Calil, delegado responsável pelas investigações, não há qualquer tipo de montagem ou fraude nas imagens, e elas indicam crime de tortura. Imagens das agressões não foram divulgadas.
O delegado explicou que o próximo passo da investigação é terminar de ouvir os depoimentos das mães que denunciaram as agressões.
A polícia também aguarda o laudo feito por uma psicóloga que atendeu uma das crianças, para averiguar se a alteração no comportamento dela está diretamente relacionada ao atendimento prestado pela fonoaudióloga.
Após a conclusão do inquérito, ele será encaminhado para o Ministério Público (MP-SP), que deve decidir se oferece denúncia à Justiça.
No dia 14 de julho, a defesa da fonoaudióloga Bianca Rodrigues disse que colaborava com as investigações policiais e que a família dela teve que sair da casa com medo de represálias. Agora, novamente questionada pelo g1, a defesa não se pronunciou até a publicação desta reportagem.
RELEMBRE O CASO
Noticiamos o caso no fim de junho. Na época, mães relataram que não estavam percebendo evoluções no tratamento dos filhos, e uma ex-funcionária da fonoaudióloga contou que as crianças não estavam recebendo atendimento.
“As crianças não estavam tendo atendimento. A fonoaudióloga falava com as mães, mas as crianças ficavam na sala comigo. E eu estou cursando psicologia, ainda não tenho esse repertório de fazer o tratamento adequado”, afirmou.
Além da falta de atendimento, outras denúncias relacionadas à fonoaudióloga começaram a aparecer. A ex-funcionária, que era contratada como acompanhante terapêutica de um dos meninos atendidos, disse que viu a criança levar um tapa da profissional.
A mulher registrou imagens, áudios e vídeos das crianças durante os atendimentos e as entregou à polícia.
Além da ex-funcionária, três mães falaram sobre as supostas agressões. Uma delas disse que desconfiou da situação quando o filho de 3 anos recusou o toque nos órgãos genitais durante uma consulta pediátrica e, mais tarde, afirmou que a fonoaudióloga tocava nele.
Outra mãe ouvida pela reportagem contou que o filho, de 9 anos, era trancado em salas no consultório. Ela descobriu o ocorrido quando foi chamada à delegacia e viu a foto que mostra as mãos do menino no vidro.
Ainda segundo esta mãe, o filho voltava para a casa com as roupas urinadas e, algumas vezes, sem camiseta.
Já uma terceira mãe relatou que o filho de 6 anos levou um tapa na boca por ter mordido a profissional.
PRINTS
Além das denúncias, o g1 teve acesso a prints de conversas que, supostamente, mostram a fonoaudióloga tentando forjar atendimentos.
“Dá uma disfarçada, sabe, finge que eu tô atendendo” e “eu não vou à tarde para a clínica amiga, inventei para a [nome] que tenho reunião” são algumas das mensagens divulgadas.
Alguns prints também mostram que a profissional teria ofendido pacientes. Segundo as denúncias, as conversas seriam de agosto de 2021.