No primeiro dia da ação em Ourinhos (SP), ainda em dezembro de 2020, todos os 20 livros pendurados na árvore foram recolhidos por pessoas que passaram pela via.
Por Luís Ricardo da Silva, g1 Bauru e Marília
Um projeto de doação de livros vem “dando frutos” para quem passa pela Rua João Hernandes, em Ourinhos (SP). No local, uma verdadeira “árvore de livro” é mantida por uma amante da leitura.
Desenvolvido durante a pandemia de coronavírus, o projeto é regado pela vendedora de livros Marta Cunha da Silva Felipe, de 49 anos, e ganha ainda mais destaque no Dia Internacional da Doação de Livros, celebrado nesta terça-feira (14).
Ao g1, Marta conta que a iniciativa nasceu de um descontentamento com uma árvore que fica em frente à casa dela, no bairro Parque Minas Gerais.
“Enquanto eu varria a calçada da minha casa, olhei para a árvore e vi que não tinha frutos. Logo tive a ideia de dar frutos para essa árvore. Amarrei barbantes nos galhos, coloquei livros usados em saquinhos plásticos e prendi com prendedor”, recorda.
Segundo Marta, no primeiro dia da ação, ainda em dezembro de 2020, todos os 20 livros pendurados na árvore foram recolhidos por pessoas que passaram pela via.
Pouco mais de dois anos depois da primeira leva de livros, o projeto hoje movimenta, entre doações e retiradas, cerca de 200 livros por mês e está aberto a qualquer pessoa.
“Tem criança, jovem, homem, mulher. Não tem um público específico. Todos vêm buscar livros, alguns fazem questão de bater em meu portão para me conhecer e me parabenizar pelo projeto”, conta Marta.
Esposa, mãe, avó, dona de casa e vendedora de livros, assim se define Marta. Ela contou que o amor pela leitura foi plantado ainda na adolescência e regado através dos anos com as inúmeras possibilidades encontradas no mundo dos livros.
Com a árvore de livros, a ourinhense conquistou no final de 2021 uma cadeira na Academia Paulista de Letras.
“Hoje ocupo uma cadeira do Patrono Vinícius de Moraes, sendo também a Primeira Capelã Acadêmica do interior de São Paulo”, revela.
Atualmente, perto de completar cinco décadas de vida, Marta não se vê parando tão cedo na ação de compartilhar e levar novas histórias para novos públicos.
“Não pretendo parar com esse projeto, pois plantando amor, se colhe amor. Esse é o sentimento que tenho, que estou plantando amor, fazendo minha parte. Pessoas são impactadas pois percebem que não se precisa de muito para se fazer algo bom” comenta.
Entre livros clássicos, contemporâneos e infantis, de autores internacionais e nacionais, as histórias de viajantes pelo local também deixam marcas na organizadora do projeto.
“Um dia, um caminhoneiro estacionou o caminhão só para pegar livros dessa árvore, foi algo que me marcou, pois é difícil parar um caminhão aqui na minha rua”, relembra.
“Se você tem livros para doar e não sabe como doar, observe ao seu redor, sua casa, bairro, pessoas, sempre haverá um lugar para se doar livros, quem sabe outras árvores de livros apareçam por esse Brasil afora”, completa Marta.