Como fazer as crianças comerem de forma saudável? Com que idade pode dar doce? E as telas? Juliana Dal Bom, nutricionista materno infantil, esclarece algumas dúvidas sobre alimentação infantil VivaBem.
Com que idade começa a introdução alimentar?
A introdução alimentar começa cronologicamente aos seis meses para crianças nascidas a termo. Para bebês prematuros, o início é com seis meses de idade corrigida. Segundo a nutricionista, pode ser que aos seis meses exatos a criança não tenha todos os sinais para a introdução alimentar e, que nesses casos, o recomendado é esperar ela atingir todos os marcos de desenvolvimento para começar.
Esses sinais de prontidão incluem a criança sentar com pouco ou com quase nada de apoio, estar com a coluna um pouco mais firme para dar mais segurança com relação ao engasgo, o bebê levar as coisas sozinho até a boca e trocar as coisas de mãozinha.
A introdução alimentar vai até o segundo ano de vida, que é quando fecha a janela de oportunidade dos mil dias. A nutricionista afirma que “introdução alimentar não é para encher a barriga, é para ensinar a criança a comer e dar oportunidade para ela aprender a se relacionar e criar um hábito alimentar que vai acompanhá-la a vida inteira.
Quando pode introduzir o sal?
O sal é introduzido com um ano em uma quantidade pequena. Antes disso, qualquer pitada já acarreta uma sobrecarga para o organismo do bebê.
“O bebê que não caminha não tem uma necessidade de sódio tão alta. Quando ele começa a caminhar, ele tem mais contração muscular e a contração muscular é que traz essa exigência do sódio”, explica a nutricionista.
Com que idade pode dar doce?
Qualquer tipo de açúcar pode ser dado após os dois anos. Ao comentar sobre a quantidade de doces que é ofertada nas festas infantis, a nutricionista fala da importância de se pensar no que é saudável. “Saudável não é só comer comida caseira e legumes, saudável é a gente ter uma relação adequada com a comida”, opina.
“Ao levar a criança em uma festa com bolo e brigadeiro, é saudável ela saber que naquele momento vai comer aquilo, mas que, de repente, não vai estar na rotina da casa”, acrescenta.
A nutricionista ainda alerta sobre as proibições muito severas, “com o não pode, doce é ruim, bolo é porcaria, é lixo”. Para ela, o jeito que chamamos a comida é uma oportunidade de revisitar e é essencial quando criamos uma criança e estamos a ajudando a desenvolver e construir um hábito alimentar.
Pode dar café para criança?
Só a partir dos cinco anos. “Café é um estimulante do sistema nervoso central, não é alimento de criança”, diz Dal Bom, que afirma que quanto mais postergar, melhor.
Incluir a criança nas atividades da cozinha é bom?
Quanto mais a gente conseguir envolver as crianças em qualquer atividade que a aproxime da comida, melhor. “As crianças comem por intimidade com o alimento. Cozinhar, ajudar a preparar, virar um bife, descascar uma mexerica, são coisas que elas gostam muito.”
Qual o risco de comer vendo tela?
O principal risco de comer vendo tela é suprimir os sinais de fome e saciedade. Nesses casos, a criança come mais do que precisa, ou ao contrário, come menos do que precisaria ou do que gostaria naquela refeição.
A especialista explica que é como se a gente desligasse algumas funções cerebrais quando estamos envolvidos com a tela, e que não é a mesma coisa de levar um brinquedinho para a mesa, por exemplo: “Levar o brinquedinho traz uma conexão com o que ela está consumindo”.